Dia do
Médico
Neste 18 de outubro, dia do médico, não quero
elogios pelas dores que amenizei. Não quero cumprimentos pelos males que curei. Não quero felicitações pelas lágrimas que
sequei. Não quero homenagens pelas vidas que salvei.
Embora
o médico também seja um artista, deixem os aplausos para os atores, para os cantores e para
os dançarinos.
Neste dia, quero apenas pedir desculpas.
Peço desculpas por ser limitado, por não
ter soluções mágicas para todos os problemas; por não ser onipotente, onisciente e onipresente como Deus.
Peço
desculpas por não poder ser o que esperam que eu seja e por não ter os poderes que me atribuem.
Peço desculpas por ter que pagar impostos,
por ter que me atualizar, por ter que me alimentar, por ter que me vestir, por ter que me locomover, por ter que educar meus
filhos. E, em conseqüência de tudo isto, peço desculpas por ter que cobrar pelos meus serviços.
Peço desculpas pelos problemas sociais do
Brasil, pela fome, pela miséria, pela desnutrição e pelas grandes endemias. Não está ao
meu alcance resolvê-los, embora muitos me culpem por eles.
Peço desculpas por aceitar passivamente o
que os governantes fizeram com a saúde pública de nosso País. Peço desculpas por ter que trabalhar sem as mínimas condições
técnicas e de segurança. Peço desculpas por ajudar a eleger deputados, senadores e até presidentes totalmente insensíveis
aos problemas básicos de nossa população.
Peço desculpas pelo meu indisfarçável cansaço
após uma noite de plantão. Peço desculpas por não estar sempre sorridente e simpático como um funcionário de hotel. Peço desculpas
por ter que me esforçar muito para que meus problemas pessoais não interfiram em meu trabalho.
Enfim, humildemente, peço desculpas por ser
apenas um ser humano.
Um Médico Brasileiro